quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Brasil que Queremos Ser (5/5)

Continuação das 40 propostas - www.veja40anos.com.br.

Megacidades
33 Eliminar as favelas da paisagemNas cidades do país, 12,3 milhões de pessoas vivem em casebres, a maioria deles em situação irregular. Se nada for feito, em 2020 haverá 55 milhões de favelados – praticamente uma Itália – no Brasil. É preciso revogar a negligência e o populismo que permitem o surgimento de favelas. No caso das já existentes, eliminar as que estão em área de risco ou proteção ambiental. Conferir títulos de propriedade é um primeiro passo para a urbanização dessas chagas das grandes cidades.
34 Superprefeitos para as regiões metropolitanasOs prefeitos das cidades que fazem parte de uma região metropolitana são como condôminos que jamais se reúnem para discutir os problemas do prédio onde moram. São Paulo é um exemplo dramático. A prefeitura não consegue limpar o Tietê porque Guarulhos não tem rede de esgoto tratado e despeja imundície no rio. Um superprefeito seria como um síndico eficiente. Com perfil técnico, poderia coordenar o uso da água, o saneamento, o destino do lixo, a unificação do transporte entre cidades. Quem escolheria o superprefeito? O governador do estado.
35 Combater o tráfico de drogas com realismoO tráfico de drogas é o principal responsável pela criminalidade no Brasil. No Rio de Janeiro, os barões da cocaína controlam 300 das 752 favelas. Não é possível extirpar a droga do cotidiano urbano, mas dá para diminuir as taxas de violência associadas a ela. Para tanto, urge eliminar o caráter territorial do tráfico brasileiro. É pelo controle de áreas geográficas, nas quais também exploram outros serviços tão lucrativos quanto ilegais, que os bandos se digladiam. Há mais cocaína em Nova York do que no Rio, mas lá os traficantes não têm feudos a defender ou tomar. Circulam para vender o seu único produto.
36 Planejar o crescimento As cidades médias, com população entre 100 000 e 500 000 habitantes, são as que mais crescem no Brasil. Como resolver um problema urbano custa 100 vezes mais do que preveni-lo, é óbvio o ganho em se planejar a expansão dessas cidades. As prefeituras devem estabelecer regras férreas sobre o que pode ou não ser feito em termos de ocupação do solo, tendo em vista o futuro almejado para seus municípios.
37 Tirar a majestade do carro No Primeiro Mundo, progresso é transporte coletivo de qualidade e restrição severa à circulação de carros, por meio de medidas como rodízio e pedágio. O Brasil está na contramão, porque suas cidades continuam a reduzir o espaço para pedestres, a ampliar as vias para automóveis particulares e a tratar o transporte público com descaso. São Paulo, onde já rodam mais de 6,1 milhões de carros, pode parar de vez em 2015.
38 Organizar o transporte coletivo O Brasil é o lugar em que eufemismos viram solução de governo. É o caso do chamado transporte alternativo. A palavra correta é "ilegal". No Rio de Janeiro, a bandalha já superou os serviços regulares. Circulam na cidade 7 500 ônibus de empresas formais e 8 000 vans ilegais. Estabelecer um sistema integrado de transporte é a melhor forma de evitar a invasão de perueiros e assemelhados.
39 Conferir aos ônibus o padrão de metrôNos pontos de ônibus londrinos e parisienses há luminosos que informam em quanto tempo chegará o próximo carro de cada linha. A margem de erro é muito pequena, mesmo no horário do rush. É a prova de que o serviço de ônibus pode ser pontual, rápido e guardar intervalos curtos entre as partidas. Para seguirem o exemplo, as cidades brasileiras precisam criar corredores exclusivos.
40 Não se intimidar com os desafiosQuando se fala em problemas urbanos, surgem cifras que, não raro, paralisam as administrações e os cidadãos. Mas sempre é possível encontrar soluções baratas. Curitiba tornou-se referência de transporte público sem gastos excessivos. Também se deve levar em conta que parte dos custos embute a corrupção. São Paulo e Cidade do México começaram a construir metrô no mesmo período. A primeira conta, hoje, com 60 quilômetros de linhas. A segunda, com 200. O quilômetro escavado paulistano custa 500 milhões de reais. O mexicano, 90 milhões. E olhe que a Cidade do México enfrenta terremotos...

Nenhum comentário: